terça-feira, 10 de abril de 2012

Feliz Mediocridade



Certa vez fui mal interpretado quando usei o termo "utopia" para me referir à união de determinados ideais. Fui apenas realista e não quis, de modo algum, ofender alguém. Não foi minha intenção confrontar e, muito menos, repudiar a opinião de sujeito nenhum.

Chamaram-me de medíocre. Fiquei mal. Fiquei triste. Sofri. Não pude entender o porquê dessa adjetivação, se minha intenção era apenas contribuir.

Também sonho com sonhos impossíveis. Talvez sonhe até de mais. Mas não posso deixar que meus sonhos me impeçam de enxergar a realidade, o rumo que as coisas estão tomando, a falta de equilíbrio entre as partes. Não consigo fingir que estou satisfeito com algo que me incomoda.

Por alguns angustiantes meses mastiguei, ruminei e digeri o adjetivo que me deram de presente: a mediocridade.

No dicionário, duas definições da palavra medíocre me chamaram a atenção:
1°: "Aquele que tem pouco talento, pouco espírito, pouco merecimento."
2°: "Aquele que está entre bom e mau. Que está entre pequeno e grande."

De cara, descartei a primeira definição. Sei que não sou a melhor pessoa do mundo e nem a mais pura das criaturas, mas também sei que faço por merecer as coisas que conquisto. Luto para ser uma pessoa melhor a cada dia, procuro sempre aprender com cada pessoa que passa por meu caminho e tento manter o espírito de humildade, perseverança e solidariedade que aprendi com meus pais.

Analisando a segunda definição, descobri que ser medíocre é sublime. Ser medíocre é ser gente. Todos nós estamos, de certa forma, entre o bom e o mau, entre o pequeno e o grande. Somos bons e somos maus. Somos grandes, somos pequenos! E isso é que importa, ser! Ser a verdade de nossas palavras. Ser a confiança dos nossos atos. Ser quem ajuda, ser ajudado. Ser o simples e o complexo. O certo e o errado. Ser humano, ser-humano. Ser feliz em nossa mediocridade.

Hoje, independente da real intenção de quem me chamou de medíocre, agradeço. Agradeço por me ajudar a entender melhor a dinâmica das coisas. Agradeço por me fazer perceber o quanto podemos ser mal interpretados por melhor que seja nossa intenção.

E agradeço, principalmente, por me possibilitar sentir admiração por minha mediocridade. Sou medíocre, como todos!



Fernando Lucas Teixeira Magalhães

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